quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus


Resultado de imagem para santa maria mãe de deus



MÃE de DEUS


Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes. Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projecto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador. Celebra-se, em segundo lugar, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.
As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.
Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.
Na segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-Lhe “abbá” (“papá”).
O Evangelho mostra como a chegada do projecto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos, também, a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.
Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projectos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projecto divino de salvação para o mundo.

NATAL


Resultado de imagem para mensagem de natal do cardeal patriarca 2016

1. É Natal! O Natal é o anúncio do amor inaudito de Deus pela humanidade, anúncio jubiloso, cumprimento de uma promessa e realização de um desejo do coração humano. É assim que os textos da Bíblia que as comunidades meditarão esta noite, apresentam o nascimento de Jesus: “Anuncio uma grande alegria para todo o Povo: nasceu-vos, hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc. 2,10).
Esta noite, dirijo-me a vós com total sinceridade. Eu acredito em Deus e, por isso tenho de fazer desta mensagem um anúncio a todos vós que me escutais: Deus existe e continua a amar a humanidade, no seu Filho Jesus Cristo, Deus e Homem, que nasceu em Belém há 2000 anos, Filho da Virgem Maria. Este anúncio é sincero e feito com humildade. É anúncio que só tocará o coração daqueles e daquelas que, talvez alguns sem o saberem, procuram o encontro com Deus, um Deus que conhecemos pouco, um Deus em que alguns não acreditam ou não deixaram entrar no concreto das suas vidas.
2. Nos últimos tempos, entre nós, falou-se muito de ateísmo; exprimiram-se ateus, pessoas e organizações, defendeu-se o direito de ser ateu e de exprimir a negação de Deus, manifestação da liberdade de consciência; deu-se a entender que não é o facto de os crentes acreditarem em Deus que faz com que Ele exista. Mas esqueceu-se a afirmação de que não é o facto de alguém não acreditar em Deus que faz com que Ele não exista. Acreditar ou não acreditar são sempre tomadas de posição da nossa inteligência e da nossa liberdade em relação a esse mistério que nos interpela e, porventura, nos incomoda. Nós acreditamos, porque Ele existe e o encontrámos. Citaram-se nomes sonantes da nossa literatura, como Miguel Torga, que referindo-se a Deus, afirmou ter tido toda a vida a coragem de O negar, mas nunca ter sido capaz de O esquecer.
Um Menino nasceu para nós, Deus vem ao nosso encontro. O Natal continua a trazer a todos uma mensagem de harmonia e de paz. Ser crente ou descrente não pode transformar-se em conflito, um motivo mais para as tensões e agressões mútuas entre os homens. São atitudes e experiências a ser vividas com humildade, que exprimem a nossa situação de peregrinos da Vida e da Verdade. Só procuram Deus aqueles que não desistiram de se encontrar a si mesmos numa percepção cada vez mais profunda do seu próprio mistério. Surpreendem-me as certezas apodícticas com que alguns proclamam o seu ateísmo. As próprias certezas da fé, sendo firmes, são humildes. O crente será sempre aquele que procura o seu Senhor. É uma longa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida. E nesse longo caminhar, há momentos de obscuridade e de dúvida, que nos fazem desejar, mais ardentemente, a luz da Verdade, na esperança de que, no grande dia, ela brilhe esplendorosa e de forma definitiva. A fé é uma luz que nos conduz nesta vida, mas nos encaminha para a eternidade, onde a luz de Deus brilhará para todos.
“Vós sois na verdade um Deus escondido”, canta o salmista do Antigo Testamento. Nós, os crentes, não inventámos Deus. Ele é misterioso demais para ser invenção humana. Acreditamos n’Ele porque Ele nos atrai e nunca permitiu que a Sua notícia se apagasse do coração humano. E sabemos, por experiência própria, por vezes dolorosa, que a nossa vida e a vida de todos os homens ganham um rumo novo quando se deseja e se busca o rosto de Deus.
3. Nesta noite de harmonia e de paz, com a mesma sinceridade que vos prometi, saúdo todos aqueles e aquelas que acreditam em Deus através de outras tradições religiosas. Temos muitas diferenças, mas temos algo de precioso em comum, a fé em Deus, ser supremo e amigo dos homens. A nossa fé, como a vossa, constitui um elemento decisivo para que esta nossa sociedade, por vezes tão desviada de uma dimensão grandiosa da vida, encontre o sentido da harmonia, da fraternidade e da paz.
Saúdo os nossos irmãos judeus, membros do mesmo povo crente ao qual pertencemos, deles herdámos a beleza da Aliança, a ousadia dos profetas, a piedade orante dos Salmos, a certeza de que Deus intervém na nossa história.
Saúdo todos os irmãos que acreditam no Deus único, santo e misericordioso e que, como o povo bíblico, fundamentaram no encontro de Deus com Abraão o início da sua fé.
A todos vós, quando um dia receberdes o prémio da vossa fidelidade, será revelado o Seu Filho, Jesus Cristo, que vos encherá de alegria. Todos juntos havemos de contribuir para que Deus não seja excluído do nosso mundo e da nossa história.
4. Queria muito que esta minha mensagem fosse anúncio, como o dos profetas e dos anjos aos pastores. Esse Deus escondido e misericordioso vem ao nosso encontro, nascendo Menino, filho de Maria. São João resume toda a densidade deste anúncio: “A Deus nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer” (Jo. 1,18), porque nos foi entregue pelos braços estendidos de Maria, sua Mãe, que nos acompanha sempre nesta peregrinação na fé.
Desejo muito que sejais felizes nesta Noite de Natal.
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

IV Advento


Resultado de imagem para anunciação



ACOLHEI
"Emanuel"



A liturgia deste domingo diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o “Deus-connosco”, que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma proposta de salvação e de vida nova.
Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Jahwéh é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história… É n’Ele (e não nas sempre falíveis seguranças humanas) que devemos colocar a nossa esperança.
O Evangelho apresenta Jesus como a incarnação viva desse “Deus connosco”, que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.
Na segunda leitura, sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares.

III Advento


Resultado de imagem para ALEGRAI VOS NO SENHOR



ALEGRAI-VOS


A liturgia deste domingo lembra a proximidade da intervenção libertadora de Deus e acende a esperança no coração dos crentes. Diz-nos: “não vos inquieteis; alegrai-vos, pois a libertação está a chegar”.
A primeira leitura anuncia a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo, para o libertar e para o conduzir, num cenário de alegria e de festa, para a terra da liberdade.
O Evangelho descreve-nos, de forma bem sugestiva, a ação de Jesus, o Messias (esse mesmo que esperamos neste Advento): Ele irá dar vista aos cegos, fazer com que os coxos recuperem o movimento, curar os leprosos, fazer com que os surdos ouçam, ressuscitar os mortos, anunciar aos pobres que o “Reino” da justiça e da paz chegou. É este quadro de vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.
A segunda leitura convida-nos a não deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos e aguardarmos a vinda do Senhor com paciência e confiança.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

8 de dezembro


Resultado de imagem para imaculada



IMACULADA






Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.
A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher, um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
A primeira leitura mostra, recorrendo à história mítica de Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de auto suficiência… Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a auto suficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu “sim” total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.